Filosofia: “Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar”, “conhece-te a ti mesmo”, “penso, logo existo”, “Deus está morto”.
Os homens consertarão um dia o planeta, o tornarão mais palatável para um cavalheiro: esta é uma nobre esperança que deveria, deverá ser acalentada com fervor em todo coração sensível.
Não, não falo de reforma moral, tediosa para dizer o mínimo. Falo de retocar os rios, abrir bulevares, construir sólidas instituições destinadas às artes figurativas, nomear e dominar às bestas.
Falo de subir aos céus e mecanizar o trabalho de rolar a rocha de Sísifo.
Falo de fruir de nossa herança. Medindo e dando valor. Desmistificando a topografia do vazio.
Não será mesmo impossível que nestes tempos de maravilha o homem atinja mesmo um estado, um comportamento pautado pela superioridade ao meramente moral?
E que terrível será o homem e a época!, potente eliminador da fétida influência que coloca fé, esperança e caridade, a persecução do bem, enfim, como ideais a serem alcançados.
Estaremos plenos de outros significados fundamentais, diante de nossos narizes e abaixo de nossos pés.
Faremos a apologia do Mal (mas lhe daremos nome mais suave), dos propagadores de incêndios, do descomedimento, dos esquecedores que mergulham sempre nos mesmos rios e nunca ouviram ao tempo de cada ser. Nunca pensaremos (Não queremos pensar).
Obliterar as estrelas. Nosso coração será máquina e com ele eliminaremos a vergonha. Teremos técnica, sexo e posse. Amaremos o belo sem moderação, filosofaremos com timidez.
O homem superior será o homem bem-educado, o estádio superior será reconhecido pelas boas maneiras, o tipo ideal receberá loas dos medíocres de plantão.
Nem intuição, nem memória, mas enumeração.
O tempo não será mais governo de crianças, mas um insumo.
Evidente que seremos brancos e bons.